27 fevereiro, 2014

Calhas e calçadas

E como a chuva que cai lá fora, enchendo as calhas e as beiras das calçadas, transborda aqui dentro também.

Ser bom.

Abre o coração, sinta a calma que a paz te traz.
Não espera de ninguém sua felicidade, busca sozinho a tua felicidade.
Não se deixe depender de outrem pra ser bom, pra ser melhor, pra ser feliz.


Dia de chuva



Ela não sabia o que pensar, nem por onde começar, se sentia estranha, com algo incomodando sua paz.

Chovia, chovia como sempre naquelas ruas cinzas da cidade moderna, chovia lá fora e aqui dentro, dentro do peito, dentro do coração e escorria pelo rosto em forma de lágrimas o sufoco que carregou por dias e dias.
Não era um choro triste, mas um choro solitário.
Maísa não queria mais estar ali, queria voar mais alto, queria ir mais longe...mas, há esse céu cinza a impedia.
Parou em frente às roupas jogadas no chão, mal desfazia as malas, fazia outras. Olhou, sentou-se na cama, pegou o chocolate e comeu -lágrimas caíam- e a chuva também, lá fora. Que cena! - pensou ela, digna de novela! Tentou acalmar o coração, se fazendo perguntas, inventando respostas e criando diálogos sobre o que acabara de viver. Resolveu, por um instante, até que acabou o chocolate.
Eram dez horas da noite.
[...]
Já são onze.
A chuva parecia ter perdido a força.
Maísa, ainda lá, tentando reorganizar o coração, como um quebra-cabeças-de-mil-peças.
[...]
As luzes se acendem.
Novo dia.
Um coração novinho em folha, uma vida reorganizada, lenços de papel debaixo da cama e uma vida inteirinha pra viver, se despedaçar e construir de novo.

Maísa Loyen, em mais um dia de chuva.