Maísa acordou bem, num dia frio como outro qualquer. Mudar-se para aquele pais não tinha sido uma escolha fácil, ainda mais pelo tamanho do frio que se passava por ali. Mas enfim, era uma escolha. E como todas as escolhas, tem os contras. O frio congelante era uma.
Saudade que dava dos frios lá do interior, não eram de doer os ossos, era só uma brisa, perto daquele frio todo que pairava ali dentro.
Pensativa, olhava pela janela as pessoas indo e vindo logo ali abaixo. Sua janela dava pra rua principal do bairro, sorte foi encontrar lugar por ali. Tinha tudo por perto, remédios, comida, música e uma vodka quando lhe dava vontade. Mas voltando então ás janelas e as pessoas logo ali. Como quem tem todo o tempo do mundo pra viver, observava cada ser que ali passava, imaginava seus anseios, seus amores, seus temores.
Como cada ser humano é um só, é um universo dentro de si, é um acumulo de energia que faz viver, que é capaz de modificar o outro. E eram tantas, tão pequenas vistas dali de cima. Como uma sinfonia, iam e vinham...se esbarrando, olhando apressadas pro destino, pro ônibus que parava no ponto, pra mulher, pro homem.
No fim, Maísa pegou seu casaco pesado, calçou as botas e pegou a bolsa, cheia de afazeres que estavam por vir naquele dia frio, naquele mundo novo, naquele mundo de gente. Desceu as escadas e pouco tempo depois foi se tornar mais uma daquelas pessoas que via da janela. Mais uma, com seus medos, seus amores, olhando pro destino, correndo pegar o próximo ônibus.